Ao refletirmos sobre a grandiosidade da reconciliação que Deus nos oferece, é impossível não sermos movidos a um profundo senso de gratidão e um desejo ardente de viver uma vida que honre essas bênçãos imerecidas. A reconciliação é um dom precioso, proveniente unicamente de Deus, que transforma nossas vidas de maneira radical e nos confere um propósito divino: o ministério da reconciliação. Vamos analizar a fonte dessa reconciliação, nosso estado antes de sermos alcançados pela graça, e a responsabilidade que agora temos como reconciliados em Cristo.
A Fonte da Reconciliação
Tudo provém de Deus. Este é o ponto de partida essencial para entender a reconciliação. Como Paulo nos ensina em 2 Coríntios 5:18-19, “Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação: a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação.”
Nossa Condição Antes da Reconciliação
Antes de sermos reconciliados com Deus, estávamos espiritualmente mortos, caminhando para a perdição eterna. Vivíamos em rebeldia, cegos para a verdade e felizes em nossa ignorância. Como Jonathan Edwards, um dos grandes reformadores, descreveu em seu famoso sermão “Pecadores nas Mãos de um Deus Irado”, estávamos à mercê da justa ira de Deus. Edwards afirma: “Deus não se comprometeu a preservar a vida de qualquer homem por um momento; Ele só o faz porque é da Sua vontade e prazer.”
Nosso estado era de completa separação e hostilidade para com Deus. Mesmo nossos pensamentos eram ofensivos à Sua santidade. Entretanto, na profundidade de nossa miséria e merecimento da ira divina, Deus, em Seu amor imensurável, nos alcançou através de Cristo.
A Maravilha da Reconciliação
Ao sermos reconciliados com Deus por meio de Cristo, recebemos paz e perdão. Esse é um dom que não pode ser subestimado. Martinho Lutero, o grande reformador, destacou: “A fé une a alma a Cristo como uma noiva a seu noivo. Dessa união resulta o compartilhar de todos os bens de Cristo e a alma se torna santa e salva.”
Essa paz, que ultrapassa todo entendimento, nos transforma de inimigos de Deus em Seus filhos amados. Agora, somos chamados a viver em retidão e santidade, refletindo a glória de Deus em nossas vidas.
Responsabilidade do Ministério da Reconciliação
Além de sermos reconciliados, Deus nos confiou uma tarefa sagrada: o ministério da reconciliação. Não podemos permanecer indiferentes diante dessa responsabilidade. João Calvino, outro gigante da Reforma, nos lembra: “Somos a boca, os pés e as mãos de Deus; Ele emprega nossa ajuda como instrumentos para cumprir Seu propósito.”
Como cristãos, somos chamados a proclamar a mensagem da reconciliação ao mundo. Isso exige de nós uma vida que corresponda à grandeza dessa missão. Devemos abandonar uma vida cristã medíocre, fria e apática, e abraçar uma caminhada fervorosa, comprometida e envolvida com a obra de Deus.
Reflexão e Confissão
Ao nos depararmos com a magnitude do que Deus fez por nós, é natural sentirmos vergonha de nossos pecados e negligências. Contudo, essa vergonha deve nos levar ao arrependimento sincero e à busca por uma vida transformada. Devemos clamar a Deus por perdão e por forças para viver de maneira digna de Seu chamado.
O puritano Thomas Watson disse: “O arrependimento é uma graça da alma, pelo qual o pecador está internamente humilhado e visivelmente reformado.” Devemos buscar essa reforma visível, permitindo que a graça de Deus nos capacite a viver de acordo com Seu propósito.
A reconciliação com Deus é um dom incomensurável, proveniente de Sua graça e amor infinitos. Somos chamados a responder a esse dom com uma vida de gratidão, santidade e serviço. Que possamos, pela graça de Deus, viver de maneira digna do ministério da reconciliação, proclamando a paz e o perdão que encontramos em Cristo a todos que nos cercam.
Que possamos ser encontrados fiéis no cumprimento desse ministério tão sublime e viver vidas que refletem a grandeza da reconciliação que recebemos.